quarta-feira, novembro 05, 2003

Atendendo a pedidos...

Alguns leitores pediram para que eu contasse algumas curiosidades ocorridas durante a minha viagem. Eu confesso que tenho uma resistência a fazer deste blog um diário pessoal, não gosto de ficar falando de mim aqui assim, mas, vá lá...

- Glossário para entender os nossos irmãos lusos, depois de alguns dias a gente acaba usando:
Montra = vitrine
Sítio = lugar
Gelado = sorvete
Bicha = fila
Caraças = calma, é algo equivalente ao nosso "Caramba!"
Apitadela = ligação telefônica (vc dá uma apitadela para alguém)
Estou = alô (ao telefone)
Gasolineira = Posto de gasolina
Sumo = suco

- Lugar de gente boa:
Sei que não se pode generalizar nunca as coisas, mas por duas vezes eu constatei que existem pessoas honestas na terrinha. O primeiro episódio foi em Vila Nova de Cerveira, quando perdi na rua o meu cachecol de lã. Já não contava mais em achar, quando na volta para o local aonde deixamos o carro estacionado, eis que o vejo pendurado numa placa. Achei em princípio que era porque estávamos no interior, cidade pequena e coisa e tal. Daí, dias depois fomos à Lisboa, e eu num momento de distração, deixei minha bolsa com din-din, documentos, diário de bordo, cartões de crédiito, em cima de um banco na plataforma de embarque do metrô estação Oriente. Estávamos cheios de bolsas, tínhamos ido de trem à Lisboa, quando dei por falta da bolsa, ao chegar na estão de destino, foi aquele desespero. Para encurtar a história, 2 dias depois a pessoa que encontrou a bolsa (uma imigrante ucraniana), ligou para a casa aonde eu estava hospedada e combinou de entregar a bolsa COM TUDO DENTRO no hotel aonde ela trabalhava, em Lisboa. É ou não é para se ficar com boa imagem das pessoas de lá?...

- Gastronomia
Come-se bem e bastante na terrinha. Toda a casa que eu ia, as pessoas serviam um "lanchinho básico" que consistia em alguns tipos de pães, queijos, presuntos, vinho branco e tinto (e às vezes o do Porto também). Quando se fazia mais de uma visita no dia, as calorias iam no espaço.
Nos cafés e lanchonetes, era impossível resistir à vitrine dos doces. Lindos e deliciosos. Só não explodi, porque andei muiiiiiito. O curioso lá, é que apesar do clima frio, os sandwiches e os salgados são servidos frios. Nós tínhamos sempre que pedir para esquentá-los.

- Placas de trânsito:
Acreditem se quiserem, mas eu vi em vários lugares placas que diziam: "Outras direções" e "todas as outras direções". Isto pode ser claro e fácil para quem é de lá, mas para um turista, é confuso...

- Ahhh, essa TAP!:
Pontualidade = zero! Os meus vôos de ida e volta (e conexões) atrasaram.
Serviço decente.
Aviso aos incautos! Nos vôos dentro da europa eles estão praticando uma tabela de bagagem de 20 kgs por pessoa. Daí, os trouxas que vêm de vôos intercontinentais, como nós brasileiros, aonde tem o limite de 2 volumes com 32Kgs cada, se estrepam. E ninguém te avisa nada no Brasil, no nosso bilhete aéreo os códigos de bagagem eram os mesmos em todos os trechos: 2 pcs! Nada adiantou. Tivemos um prejú de 270 Euros!!!!! Eu chamo isso de operação caça-níquel, ladroagem!... Estou lutando para receber este reembolso, se alguém conhecer alguém da TAP aqui no Brasil, por favor, me ajude!

- Uma coisa que me fascina:
Na Europa uma das coisas que eu gosto muito é de ver e ouvir as pessoas tocando nos metrôs e lugares de grande concentração de gente para ganhar uns trocados. Normalmente os caras tocam violino, acordeão, violão, alguns tocam clássicos, outros músicas populares. Desta vez vi que eles evoluiram, agora tocam dentro dos trens, e não mais só nos corredores de acesso às plataformas. Teve um dia que encontramos em Paris um grupo hispânico de uns 5 rapazes cantando e tocando canções tipo "guantanamera" na maior empolgação, não sei se eles estavam conseguindo ganhar muitas moedas, mas pareciam estar se divertindo muito.
Outra coisa que eu achei muito legal foi um jovem canadense ter se aproximado da gente no museu do Louvre para perguntar de onde a gente era, pois reconheceu o português que a gente falava. Ele disse que tinha amigos brasileiros no Canadá e tinha reconhecido a língua. Acho lindo esse interesse de alguns gringos por outras culturas.

- Ataques de bobeira:
De vez em quando eu e o Jorge víamos algo (ou alguém) engraçado, fazíamos um comentário a respeito, e caíamos na risada. De longe, o pior ataque de bobeira foi no café (histórico, funciona desde 1769, e construído em cima de ruínas romanas, que se pode ver através das placas de vidro no piso) chamado Frigideiras do Cantinho aonde paramos para fazer um lanchinho depois da nossa programação cultural naquela cidade. O lugar era muito simpático, o serviço correto, comida boa, e coisa e tal, e eu pedi um doce de chocolate em forma de um porquinho. Como eu e o Jorge tínhamos o costume de pedir sempre doces diferentes e provar um o do outro para ver qual era o melhor, neste dia, quando o Jorge provou o meu, sobrou pouco do porquinho na minha mão e o comentário que ele fez a propósito da parte que ele tinha pego, não prestou, foi aquela gargalhada, eu cheguei a chorar de tanto rir, não podia olhar para o Jorge que a gargalhada voltava. Como o Jorge estava gripado e com uma tosse braba, à medida que ele ria, também tossia sem parar. Paramos o café, até o gerente veio pergunar se havia algo que ele pudesse fazer para ajudar. As garçonetes, sempre muito simpáticas (especialmente com o Jorge), até trouxeram bala de menta para acalmar-lhe a tosse. Saímos do café cansados de tanto rir, leves como duas crianças. Foi um dia inesquecível.

Bem, isso foi o que eu consegui me lembrar agora, qualquer hora, me lembrando de mais momentos, vou acrescentando aqui.

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