quinta-feira, junho 09, 2005

Cada dia eu o admiro mais



O líder e vocalista da banda de rock irlandesa U2 desafiou líderes da União Européia nesta quinta-feira a esquecer a política interna e abrir suas carteiras para aumentar a ajuda financeira ao desenvolvimento da África e impedir a morte de milhares de pessoas, todos os dias, por causa de uma "pobreza estúpida".

- A mensagem para os líderes da Europa é: Não estraguem isso. Esse tipo de ocasião não acontece todo dia - disse Bono, que se tornou um dos ativistas mais célebres da campanha pelo perdão da dívida dos países africanos. - Baixem suas bandeiras nacionais, olhem para além dos números e vejam o futuro.

O apelo foi feito numa entrevista coletiva no QG da UE, em Bruxelas, ao lado do presidente da Comissão Européia (órgão executivo do bloco), José Manuel Barroso.

Bono suscitou aplausos da sala de imprensa lotada, uma situação rara num local que Barroso e seus comissários têm dificuldade de encher.

Recentemente, ministros da UE concordaram em acelerar a ajuda financeira ao plano da ONU de combate à pobreza, na esperança de constranger outros países ricos, como Japão e EUA, a doarem mais. A meta do plano da ONU é reduzir a miséria à metade, até 2015.

Nesta semana, o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Tony Blair, esteve nos EUA para tentar comprometer o presidente George W. Bush com um plano ambicioso de alívio da dívida dos países africanos e elevação da ajuda financeira para eles.

O plano de Blair é mais voltado para o G8, o grupo dos países mais industrializados, mas, na semana que vem, os líderes da UE devem discutir também novas metas de ajuda ao continente.

- As pessoas estão morrendo pelos motivos mais estúpidos - disse Bono. - Essas são catástrofes evitáveis. Não é bobagem irlandesa: são metas alcançáveis.

A meta da UE é gastar 0,7% da soma das riquezas geradas por cada país em ajuda governamental para o desenvolvimento, num prazo de 10 anos. Isso aumentaria para a ajuda para 20 bilhões de euros por ano a partir de 2010, a um custo de 49 euros per capita para os países-membros mais antigos.

Mas Bono, de terno, gravata e os célebres óculos escuros, mostrou-se cético com as promessas políticas. Ele disse haver "um longo caminho entre a assinatura dos cheques pelos políticos e sua compensação".

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