terça-feira, agosto 12, 2003

Arqueólogos fazem novas descobertas e reforçam a tese de que Calígula era louco

(Globo ON) ROMA - Durante séculos, estudiosos debateram se Calígula, o excêntrico terceiro imperador de Roma, foi um megalômano que ousou desafiar os deuses ou um governante maligno cujos caprichos foram exagerados depois de sua morte.

Agora, um grupo de arqueólogos que está escavando o antigo palácio de Calígula diz ter descoberto provas concretas de que ele era, de fato, um maníaco que tornou um dos templos mais reverenciados de Roma na varanda de sua casa.

- Todo mundo sabe que o cara era meio louco. Mas agora temos a prova de que ele era completamente insano, que pensou que era um dos deuses - disse nesta segunda-feira Darius Arya, um dos diretores da escavação. - É como se alguém, um presidente, um rei ou Bill Gates transformasse a Catedral de São Pedro em seu hall de entrada.

Arya, diretor da organização filantrópica Instituto Americano para a Cultura Romana, trabalhou com um grupo de 35 jovens arqueólogos, a maioria das universidades de Stanford e Oxford, em cinco semanas escavações exploratórias.

Os vestígios do palácio de Calígula foram escavados pela primeira vez há um século, próximo ao Fórum. A nova escavação descobriu fundações e um sistema de esgoto que mostram que o prédio era muito maior que o imaginado.

- Isso mostra que o palácio incorporou e dominou o templo - disse Arya, apontando para as colunas adornadas do lugar. - Calígula estava realmente dizendo ao povo de Roma: estou vivendo com os deuses. Sou basicamente um dos deuses e, para chegar à minha casa, você deve passar através do templo.

Historiadores antigos referem-se amplamente à insanidade de Calígula, que levou ao término precoce de seu reinado. Ele foi imperador por menos de quatro anos. Em 41 d. C., foi morto por oficiais da guarda que deveria protegê-lo. Esses historiadores descreveram um homem louco e sedento de poder, que exigiu que seu cavalo fosse tornado cônsul e ordenou que se erguessem estátuas suas em templos.

Mais tarde, historiadores e arqueólogos sugeriram que a disseminação de algumas dessas histórias poderia ter sido politicamente motivada e obra de seus inimigos.

- Agora temos mais informação, mais provas de que as fontes não estavam apenas falando mal dele - disse Arya.

Autoridades da pesquisa arqueológica de Roma disseram que aguardam a documentação final das escavações para fazer um julgamento das descobertas.

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